363. O que é a liberdade?
É o poder, dado por Deus ao homem, de agir e não agir, de fazer isto ou aquilo, praticando assim por si mesmo acões deliberadas. A liberdade caracteriza os atos propriamente humanos. Quanto mais faz o bem, mais alguém se torna livre. A liberdade atinge a perfeição quando é ordenada para Deus, sumo Bem e nossa Bem-aventurança. A liberdade implica também a possibilidade de escolher entre o bem e o mal. A escolha do mal é um abuso da liberdade, que conduz à escravatura do pecado.
Fontes: 1730-1733, 1743-1744
O que dizem os santos sobre a liberdade?
A liberdade, conforme ensina o Catecismo da Igreja Católica, é um dom divino essencial à natureza humana, permitindo ao homem escolher seus próprios caminhos e ações. Este poder de escolha, conferido por Deus, fundamenta-se na capacidade de discernir entre o bem e o mal, e de agir conforme essa avaliação. Entender a liberdade sob a ótica católica requer uma apreciação profunda de sua natureza, suas implicações e seu propósito último.
Primeiramente, é vital reconhecer que a liberdade não consiste meramente na capacidade de fazer escolhas arbitrárias. Pelo contrário, ela é intrinsecamente ligada à verdade e ao bem. Os Doutores da Igreja, como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, ensinaram que a verdadeira liberdade é aquela que nos orienta para o bem, para Deus, que é o Sumo Bem. Eles enfatizam que a liberdade alcança sua plenitude não quando nos submetemos a nossos desejos desordenados, mas quando a orientamos para a busca e realização do bem verdadeiro.
Santo Agostinho abordou a liberdade como uma questão de amor ordenado, onde a verdadeira liberdade se encontra na escolha de amar a Deus acima de tudo. Para ele, o uso errôneo da liberdade, que se afasta de Deus, conduz à escravatura do pecado. A liberdade, portanto, não se manifesta na capacidade de pecar, mas na capacidade de escolher o bem, o que verdadeiramente nos liberta.
São Tomás de Aquino, por sua vez, aprofundou o entendimento da liberdade humana ao discutir o livre-arbítrio no contexto da lei moral natural. Ele argumentou que a verdadeira liberdade é exercida dentro dos limites da lei moral, que guia o homem à sua última finalidade: a comunhão com Deus. Assim, a liberdade não é uma permissão para fazer qualquer coisa, mas a capacidade de escolher o caminho que nos leva à verdadeira felicidade e à realização plena em Deus.
A liberdade, portanto, implica uma responsabilidade imensa. Ao homem é dada a liberdade para que ele possa, de maneira consciente e deliberada, escolher o caminho do bem e da virtude. Escolher o mal, por outro lado, é um abuso dessa liberdade, resultando na escravidão ao pecado, que nos afasta de Deus e da verdadeira felicidade.
Para o recém-convertido ao catolicismo, é essencial entender que a liberdade cristã não é uma carta branca para a autoindulgência, mas um convite a viver de acordo com a vontade de Deus, que nos conhece e nos ama profundamente. Ao seguirmos os preceitos divinos e nos esforçarmos para fazer o bem, crescemos em liberdade verdadeira, nos aproximamos de Deus e encontramos a verdadeira alegria e paz.
Em resumo, a liberdade, no contexto católico, é um dom precioso que nos permite agir de acordo com nossa consciência, escolher o bem e nos aproximar de Deus. Ela é fundamental para a dignidade humana e para a realização da vocação divina a cada um de nós, chamados a viver em liberdade, servindo a Deus e ao próximo em amor.